Viajar

| 30 Ago 2022

rio ganges por do sol foto alfonso azaustre garrido

“Viajar é saber escutar, saber imaginar um passado inteiro banhado na correnteza do Ganges, peregrinado pelo pé́ do Himalaia ou sobre a catinga do sertão.”  Foto © Alfonso Azaustre Garrido.

 

Cheguei a casa dos meus pais às 20h00 do dia 24 de Dezembro de 2015, depois de um longo tempo ausente, e imunda, literalmente imunda e escanzelada, de uma viagem de 20 horas entre autocarros e rodoviárias, comboios e estações, aeroportos e aviões. A minha mãe riu-se numa expressão mista de santa paciência e alegria pela minha chegada… depois de um banho assumidamente profundo, lá estava eu, sentada à mesa de Natal cheia de família.

Nesse mesmo lugar, alguns anos antes, ouvi o meu pai dizer que “a maior das universidades são as viagens”; esse discurso era claramente para me proteger de algum sentimento de inferioridade que pudesse sentir por ter sido a única da família a abandonar a faculdade antes de a concluir; precisamente para viajar.

***

Viajar não é só o fetiche da visão, das fotos, dos vídeos, das paisagens guardadas na memória. Viajar é vestir-se de peles alheias, desmistificar culturas, compreender o outro, abraçar a diferença.

Viajar está longe do “fazer turismo”; são conceitos paralelos que nunca se chegam a cruzar, nem tão-pouco tocar ou aproximar. Viajar é descer à cave das comunidades, correr riscos pelo desejo de inclusão, pertencer ao lugar onde se está, desapegar-se dos dados adquiridos. Fazer turismo é ficar à superfície, olhar o lugar pela janela sem nunca o caminhar de facto.

Viajar é viver sob a síndrome da curiosidade real. Sentar-se na beira da estrada e, nem que a mais escura das noites se estenda diante dos olhos, não abandonar até que se entenda o que não se pode compreender. Viajar é saber escutar, saber imaginar um passado inteiro banhado na correnteza do Ganges, peregrinado pelo pé́ do Himalaia ou sobre a catinga do sertão. Viajar é aprender a olhar os nativos com interesse, é desprover-se de arrogância, é entender o mundo e as suas consequências, é saber ouvir, que, no fundo, é a mesma coisa que se humanizar.

 

Ana Sofia Brito é performer e artista de rua por opção, embora também mantenha a arte de palco; frequentou o Chapitô e estudou teatro físico na Moveo, em Barcelona.

 

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