
Rua principal da cidade de Fada N’Gourma, no Burkina Faso. Foto © Martin Wegmann Baliola, CC BY-SA 3.0, via Wikimedia Commons.
Cinco paróquias no Burkina Faso encerraram por completo as suas atividades, de ameaças de novos ataques por grupos extremistas, na Diocese de Fada N’Gourma, situada na região oriental deste país da África ocidental. E o seminário de San Kisito teve de ser transferido para a capital regional, por razões de segurança.
Segundo um relato da diocese remetido à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), esta região tem estado na mira nos últimos seis meses de grupos radicais islamistas. Na informação divulgada dá-se conta que os roubos e os assassinatos “aumentaram significativamente” ao longo do ano, com destaque para as referidas cinco paróquias de um total de 16.
A aldeia de Bourasso, em Nouma, no noroeste do país, sofreu um brutal ataque no domingo, 3 de Julho, quando 14 pessoas foram mortas em frente à igreja, um dos mais graves incidentes de que há registo em tempos recentes, divulgou a AIS. Nesse domingo, homens armados entraram na aldeia já de noite, transportando-se aos pares, em motos, e dispararam sobre as pessoas que estavam reunidas em frente ao largo da igreja. “Foi aterrador”, descreveu à Fundação AIS um sacerdote que, por questões de segurança, não pode ser identificado. “Depois, foram para o centro da povoação e mataram outras 20 pessoas, entre elas muitos cristãos e seguidores da religião tradicional africana.”
Já noutras sete paróquias, explicou a AIS, a atividade da Igreja está muito condicionada porque “os grupos armados bloqueiam a maioria das estradas, controlam as rotas terrestres e têm destruído as redes de comunicação”. Por causa disso, os padres da diocese têm estado impossibilitados de viajar e de contactar com os seus paroquianos. Nas aldeias da diocese, a circulação de pessoas é muito limitada também.
A situação tem-se agravado desde setembro de 2021, com apenas um terço do território diocesano acessível ao trabalho pastoral da Igreja, o que correspondia a 155 das 532 aldeias. Em abril deste ano, o número de aldeias acessíveis já havia decrescido para apenas 29.
A violência deste terrorismo que se reivindica do islão afecta o Burkina Faso desde 2015. Com o agravamento das condições de segurança, muitas pessoas têm abandonado as suas casas e as suas aldeias, refugiando-se nas localidades onde há uma presença mais visível do exército, como é o caso de Matiakoli, cuja igreja paroquial passou a encher-se de fiéis aos domingos.