Escalada de violência sem controlo

Viver no Haiti é “viver num pesadelo”

| 31 Ago 2023

Deslocados internos em Porto Principe, Haiti. Foto UnicefU.S. CDCRoger LeMoyne

A última vaga de violência resultou na deslocação forçada de mais de dez mil pessoas, que encontraram refúgio em mais de vinte locais e em famílias de acolhimento. Foto © Unicef/U.S. CDC/Roger LeMoyne.

 

Um novo surto de violência causou pelo menos 71 vítimas, entre mortos e feridos, em cinco comunidades da área metropolitana de Port-au-Prince, capital do Haiti, só no período compreendido entre 15 e 29 de agosto.

Um exemplo dos últimos dias dá conta de que mesmo quem protesta contra a violência pode ser vítima da violência. Na favela de Canaã, nos limites de Port-au-Prince, os membros de uma comunidade organizaram um desfile, encabeçado pelo seu pastor, para manifestar a vontade de que os gangues sejam erradicados da área, de modo a pôr fim à violência e ao sofrimento.  Porém, os manifestantes foram obrigados a dispersar, quando se viram atacados a tiro.

Segundo dados da ONU, de 1 de janeiro a 15 de agosto deste ano, mais de 2.400 pessoas foram mortas no Haiti, mais de 950 sequestradas e 902 feridas

Os relatos divulgados pelas agências no terreno referem a multiplicação de casos de graves violações e abusos dos direitos humanos, incluindo raptos, linchamentos e violência sexual e baseada no género contra mulheres, raparigas e rapazes.

A última vaga de violência resultou na deslocação forçada de mais de dez mil pessoas, que encontraram refúgio em mais de vinte locais e em famílias de acolhimento.

De acordo com o Coordenador Humanitário da ONU, Philippe Branchat, “a comunidade humanitária está profundamente preocupada com esta nova escalada de violência extremamente brutal. Famílias inteiras, incluindo crianças, foram executadas, enquanto outras foram queimadas vivas”. “Este recrudescimento da violência tem causado um sofrimento indescritível ao povo haitiano”, acrescentou o responsável.

Apesar das dificuldades de acesso devido à insegurança, os parceiros humanitários estão a prestar a assistência possível às pessoas deslocadas, nomeadamente alimentos, água, abrigos, saneamento, cuidados de saúde e apoio psicossocial, em especial às vítimas de violência sexual.

Os dados da ONU indicam que quase metade da população haitiana necessita de ajuda humanitária e alimentar e que cerca de 200 mil pessoas foram obrigadas a fugir das suas casas, um crescimento vertiginoso relativamente a anos recentes. A esse número haverá que somar os repatriamentos forçados de haitianos vulneráveis de países vizinhos, acompanhados de graves violações dos direitos humanos, os quais terão quadruplicado desde 2022.

Perante o agravar da situação, a organização de direitos humanos Human Rights Watch acaba de divulgar um relatório que traça um quadro de recomendações dirigidas a várias entidades que podem contribuir para inverter o rumo deste país caribenho. Essas recomendações resultaram de uma audição de perto de 130 cidadãos, uma boa parte das quais foram vítimas da violência, realizada nos meses de abril e maio últimos. O título do documento é eloquente. “Viver num pesadelo”.

 

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