
Presidente Volodymyr Zelenskyy com o cardeal Matteo Zuppi, enviado especial do Papa Francisco. © Site RISU (Religious Information Service of Ukraine)
O cardeal enviado do Papa para explorar possibilidades de paz na guerra que resultou da invasão da Ucrânia pela Rússia encontra-se na capital ucraniana e teve esta terça-feira um encontro com o presidente Volodymyr Zelensky.
Segundo fonte oficial ucraniana, citada pelo site RISU, da Universidade Católica do país, o encontro serviu para trocar pontos de vista, avaliar a situação humanitária e a cooperação nesse âmbito entre os dois estados.
O cardeal Matteo Zuppi e o presidente Zelensky abordaram aquilo a que o estadista designa por “Fórmula de Paz Ucraniana” e “a necessidade de envolver o maior número possível de países, incluindo o Sul Global, na Cimeira Mundial da Paz”. O chefe de Estado disse congratular-se com “a disponibilidade de outros Estados e parceiros para encontrar caminhos para a paz”, mas, acrescentou, “como a guerra continua no território da Ucrânia, o algoritmo para alcançar a paz só pode ser ucraniano”.
Entretanto, num comunicado divulgado em Roma pela Sala de Imprensa do Vaticano, o cardeal Zuppi agradece os encontros com as autoridades civis e com os representantes religiosos, e sobretudo com o presidente do país, sublinhando:
“Os resultados destes encontros (…) bem como a experiência direta do sofrimento atroz do povo ucraniano devido à guerra em curso, serão levados à atenção do Santo Padre e serão, sem dúvida, úteis para avaliar os passos a dar tanto a nível humanitário como na procura de caminhos para uma paz justa e duradoura”.
Monges ortodoxos pressionados a abandonar mosteiro

Aos monges ligados à Igreja Ortodoxa da Ucrânia (IOU) que tem estado historicamente ligada ao Patriarcado de Moscovo, que ocupam o mosteiro das grutas (Lavra), nos arredores de Kiev, foram dados três dias para abandonarem as instalações.
A ordem nesse sentido foi dada esta terça-feira, 6 de junho, pelo ministro ucraniano da Cultura, Alexander Tkachenko, através de uma mensagem colocada na sua conta do Telegram, que terá sido também, segundo afirma, enviada ao mosteiro e aos responsáveis máximos da IOU.
Segundo o membro do governo, a comissão nomeada pela Reserva Nacional Kiev Grutas de Lavra concluiu a inspeção da parte ocupada pelos monges da IOUU e exige que ela “liberte o mosteiro dentro de três dias úteis”, a contar da recepção da ordem.
A Reserva Nacional é a organização estatal que, sob a tutela do Ministério da Cultura, controla juridicamente o património edificado do mosteiro, que alojou, no regime soviético, um museu do Estado.
De acordo com o site Orthodox Christianity, que dá a notícia, o ministro terá declarado que caso a ordem não seja cumprida, “será instaurado um processo judicial para que seja tomada a decisão oportuna para desobstruir o usufruto do imóvel pela Reserva”.
Entretanto, a mesma notícia refere que os representantes do mosteiro se recusaram a aceitar a determinação superior, informação confirmada do lado da IOU, que desvalorizou a posição de Alexander Tkachenko.
De facto, o metropolita Clemente, que é o chefe do Departamento de Informação daquela Igreja, citado pelo site da União dos jornalistas Ortodoxos, disse que a exigência do responsável do Ministério da Cultura “não terá consequências legais”.
De facto, como o 7Margens já noticiou, o Governo tem tentado várias formas de pressão no sentido de evitar uma posição de força que pode redundar num conflito religioso. Chegou mesmo a registar-se uma movimentação fracassada, no sentido de depor o Abade de Lavra e colocar um outro ligado aos ortodoxos da Igreja ucraniana sem laços com Moscovo. Recorde-se que um prazo esteve já fixado em 29 de março deste ano para os monges saírem das instalações, que não deu resultado. E esta será mais uma dessas iniciativas. Ela coincide, significativamente, com (mais) um adiamento – por um mês – do processo sobre a mesma matéria, que o Tribunal Comercial de Kiev aprecia desde há meses.