
A primeira página do La Croix com o apelo ao voto em Macron, em editorial.
O diário católico francês La Croix apelou esta quinta-feira, dia 21 de Abril, ao voto em Emmanuel Macron na segunda volta da eleições presidenciais, que se realizam no domingo, dia 24. “A ameaça histórica que representaria a eleição de Marine Le Pen” é a primeira razão indicada para esta manifestação pública de apoio ao Presidente da República cessante.
Marine Le Pen, diz o editorial assinado por Jérôme Chapuis, chefe de redacção, “é uma candidata de extrema-direita”. O programa que apresenta “comporta o risco de danos irreparáveis ao equilíbrio de poder, à liberdade religiosa e aos princípios básicos de solidariedade para com os mais desfavorecidos, a começar pelos migrantes que fogem da guerra ou da miséria”. Quanto ao projecto que corporiza, “apenas é unificador no nome: o nacionalismo que constitui o seu pano de fundo acaba inevitavelmente por produzir divisão e violência, como ilustra tragicamente a invasão da Ucrânia pela Rússia”.
Quando a guerra domina a actualidade europeia, o que importa não é arriscar uma paralisia da União Europeia (UE), escreve Jérôme Chapuis, explicando que “as afinidades de Marine Le Pen a ligam a Trump e Putin, adversários declarados da UE. Aqueles que estão constantemente a minar o campo da democracia recorrendo a todos os meios seriam os primeiros a alegrar-se com sua vitória”.
O jornal reconhece que “a recondução de Emmanuel Macron não fará desaparecer por magia as profundas fracturas que atravessam a sociedade francesa”. De resto, os franceses conhecem os limites da sua actuação política. “Repararam na sua tergiversação relativamente à ecologia, estão agastados com o seu liberalismo ou com a sua pretensão de encarnar sozinho o campo da razão”. Todavia, reconhecendo que a reeleição de um presidente cessante raramente é um voto de entusiasmo, o jornal considera que votar em Emmanuel Macron “continua a ser a única opção desejável”. Em seguida, importará empreender “uma profunda reconstrução das nossas instituições democráticas e, em particular, dos partidos políticos para que se oponham em clivagens mais sadias”.
A tomada de posição ocorre numa ocasião em que, como reconhece o jornal, o apelo aos extremos é mais forte e os católicos não lhe são insensíveis. Para o jornal, “isso significa assumir um desacordo com alguns de seus leitores”. Mas o que com este apelo ao voto se pretende é “afirmar valores importantes para a vida em sociedade e servir honestamente o debate público”.