
Ahmed el-Tayeb, em fevereiro, depois da assinatura do documento sobre a fraternidade humana
O Grande Imã de Al-Azhar (Egito), xeque Ahmed Al-Tayyeb, a maior autoridade do islão sunita, condenou em comunicado divulgado nesta sexta-feira, dia 23 de dezembro, a decisão dos talibãs no poder no Afeganistão de impedirem o acesso das mulheres afegãs à educação universitária.
Tal decisão “contradiz a Shari’ah [lei] islâmica e entra em conflito com o seu apelo explícito para que homens e mulheres busquem o conhecimento desde o berço até ao túmulo”, lê-se na declaração de AL-Azhar, que interroga: “Como podem aqueles que tomaram esta decisão ignorar os abundantes exemplos históricos de mulheres pioneiras na educação, ciências e política que contribuíram para o avanço das sociedades muçulmanas no passado e no presente?”
Recorde-se que o Grande Imã Al-Azhar assinou com o Papa Francisco, a 4 de fevereiro de 2019, em Abu Dhabi, o Documento sobre a Fraternidade Humana em Prol da Paz Mundial e da Convivência Comum que constitui, desde então, uma referência quer na procura de caminhos de paz no mundo quer como instrumento do diálogo religioso católico-sunita e de aproximação entre as religiões. Os sunitas são o maior ramo (cerca de mil milhões em todo o mundo) do islão, ramo no qual os talibãs afegãos se integram.
“Alerto os muçulmanos e não-muçulmanos contra acreditar, ou aceitar, a alegação de que esta proibição da educação das mulheres é aprovada no islão. Pelo contrário, o islão denuncia firmemente tal proibição, pois contradiz os direitos legais que o islão garante de forma igual para mulheres e homens”, sublinha o responsável dse Al-Azhar que termina a sua declaração convocando “os nossos irmãos no poder no Afeganistão muçulmano a reconsiderarem a sua decisão, pois a verdade é mais digna de ser seguida.”