
“Enquanto os líderes mundiais debatiam as medidas a serem tomadas, havia cerca de 100.000 pessoas a participar numa marcha sem precedentes no Dia de Ação Global pela Justiça Climática”. Foto © Movimento Laudato Si’.
“Dececionados”, mas ao mesmo tempo “esperançosos”: é como se sentem os católicos um pouco por todo o mundo, e em particular os que estiveram presentes em Glasgow, onde decorreu a COP26, segundo o comunicado enviado pelo Movimento Laudato Si’ ao 7MARGENS, esta quarta-feira, 17.
“Os líderes mundiais mais uma vez ficaram aquém do que o Papa Francisco e muitos outros esperavam da cúpula da ONU em Glasgow. O acordo final não chega nem perto da crise climática que vivemos. É ultrajante”, considera Tomás Insua, diretor executivo do movimento. Mas acrescenta que, tal como foi visto em Glasgow e em redor do planeta em diversas marchas, atividades e encontros, “o movimento global para cuidar da nossa casa comum é mais forte do que nunca e não vai parar”. Pelo contrário, “com parceiros em todo o mundo, este movimento continuará o trabalho urgente de salvar a Criação de Deus”, assegura o responsável.
Já na passada quinta-feira, 11, a Santa Sé tinha manifestado através da divulgação de um comunicado que mantinha a esperança num acordo com “um roteiro claro” para preencher as lacunas que surgiram nas áreas de mitigação, adaptação e financiamento, aspetos fundamentais que devem ser tratados, reforçados e renovados a fim de atingir os objetivos do Acordo de Paris.
Por sua vez, mais de 60 organizações católicas, incluindo o Movimento Laudato Si’, emitiram uma declaração conjunta na sexta-feira, 12, em que expressaram que “uma economia extrativa e insustentável, alimentada por combustíveis fósseis, está a provocar a crise climática que está a destruir a criação de Deus e a prejudicar os mais vulneráveis”, e apelaram à adoção de medidas essenciais que acelerem o investimento num futuro de energia limpa para todos.
Outra COP a acontecer nas ruas
O saldo da presença dos católicos em Glasgow é bastante positivo, considera o movimento. “Ao longo das quase duas semanas de negociações, [milhares de católicos] participaram em inúmeros eventos e iniciativas para fazer chegar aos líderes as suas reivindicações, como no caso da apresentação da petição Planeta Saudável, Pessoas Saudáveis, que apoia o apelo do Papa Francisco para uma ação urgente pelo cuidado da casa comum”, tendo já reunido as assinaturas de mais de 130.000 pessoas e 425 organizações.
Lorna Gold, presidente do conselho administrativo do Movimento Laudato Si’, disse durante o encontro “Católicos em Glasgow” que outra COP estava a acontecer nas ruas. “Enquanto os líderes mundiais debatiam as medidas a serem tomadas, havia cerca de 100.000 pessoas como Isabella Harding, uma avó de 67 anos, ou as freiras e animadoras Laudato Si’, Kate Midgley e Zoe Leadbetter, a participar numa marcha sem precedentes no Dia de Ação Global pela Justiça Climática”, sublinha o comunicado.
“Os católicos continuarão a falar sobre o cuidado com o meio ambiente”, conclui a nota de imprensa do Movimento Laudato Si’, recordando ainda o lançamento recente da Plataforma de Ação Laudato Si’ como um espaço para instituições, movimentos e dioceses partilharem as suas ações em favor do planeta.