
“Sendo a economia uma dimensão que pesa fortemente sobre a vida das pessoas, das sociedades e dos ecossistemas, é fundamental que os cidadãos e as cidadãs possam dispor de chaves de descodificação para entenderem melhor esta realidade complexa.” Imagem da revista “Outras Economias”
Na passada quinta-feira, dia 28 de setembro, ao final da tarde, pouco mais de duas dezenas de pessoas juntaram-se no pequeno jardim da galeria Monumental ao Campo Mártires da Pátria para assistirem à apresentação e lançamento do primeiro número da revista digital Outras Economias (OE).
O Editorial deste primeiro número define o objetivo como “…dar chaves de leitura sobre as dimensões económicas da vida, na sua complexidade, e estimular o interesse por outras formas de olhar a economia e de a praticar, usando para tal, diferentes abordagens e linguagens.” Mais do que falar sobre economia, pretende-se dar voz e sublinhar formas de fazer economia, experiências que optaram por vias alternativas, “que valorizam a dignidade humana e respeitam a natureza, em vez de privilegiar a acumulação de riqueza.”
No Manifesto da revista escreve-se que “sendo a economia uma dimensão que pesa fortemente sobre a vida das pessoas, das sociedades e dos ecossistemas, é fundamental que os cidadãos e as cidadãs possam dispor de chaves de descodificação para entenderem melhor esta realidade complexa e tenham acesso ao vasto campo de alternativas, isto é, experiências de alteridade em relação ao modelo económico dominante, que têm sido construídas um pouco por todo o mundo, desde o final dos anos 60, do século passado, até à presente data.
Graça Rojão, da Rede para o Decrescimento e, acrescento eu, da cooperativa Coolabora da Covilhã, sintetiza muito bem o significado desta revista e o que pretende. Escreve ela neste primeiro número: “Estas iniciativas podem ser redes de consumo alimentar agroecológico e solidário, mercados de troca de bens e serviços, por vezes com moedas alternativas, bancos de tempo alicerçados na reciprocidade, hortas comunitárias conviviais, centros comunitários de fruição cultural autogeridos, redes de comércio justo, cooperativas integrais, etc. O seu potencial não é apenas económico, já que constituem também um campo de realização de experiências sociais e políticas.” E conclui: “A procura de compreensão destas iniciativas não poderá estar centrada em métricas ou critérios que lhes são alheios como, por exemplo, a viabilidade económico-mercantil. É importante atender à sua inserção num contexto social, cultural e político específico e atender às mudanças possíveis que elas desenham. Um dos desafios que poderá potenciar a sua capacidade transformadora passa pelo reforço de uma visão crítica e sistémica de transformação social, reconhecendo a inter-relação entre os diferentes sistemas de dominação, o que exige uma perspetiva feminista, que busque desmontar as relações de dominação patriarcal; um pensamento ecológico, que rompa com a lógica extrativista; e uma atitude solidária, de enraizamento local, porque a vida inscreve-se no território.”
Através do Manifesto ficamos a saber que cada número da revista resulta de uma colaboração com pessoas, organizações, construída à volta da temática específica do número, desde a planificação até a publicação. Valorizando-se o formato de co-construção, o Conselho Editorial é especifico de cada número, tendo neste primeiro número contado com o envolvimento da equipa do CIDAC, com o Álvaro Fonseca e a Graça Rojão, pela Rede para o Decrescimento; e com a Eliana Madeira, pelo Graal. À volta de cada número, a equipa editorial organiza atividades educativas e de debate, conferências, mesas redondas, encontros, formações para educadores e educadoras, sessões em escolas e universidades, entre outros.
A revista Outras Economias é uma publicação digital multimédia quadrimestral editada pelo Centro de Intervenção para o Desenvolvimento Amílcar Cabral – CIDAC. Boa Leitura.