
“Não esperamos respostas de um deus. Somos as respostas uns dos outros”, afirma o novo líder dos capelães em Harvard. Foto reproduzida a partir da sua página de Facebook.
Chama-se Greg Epstein, tem 44 anos e é o primeiro ateu escolhido para presidente dos capelães da Universidade de Harvard, a instituição de ensino superior mais antiga dos Estados Unidos, fundada em 1636 com o objetivo de dar formação ao clero protestante. De acordo com o jornal The New York Times, que avançou a notícia esta quinta-feira, 27, a eleição de Epstein é o reflexo de uma “tendência alargada” de jovens que “se identificam cada vez mais como espirituais, mas sem afiliação religiosa”.
O novo capelão-chefe assumiu o cargo na última semana, sucedendo a um judeu, e era já desde 2005 o capelão humanista naquela instituição. Lidera agora um grupo composto por mais de 40 capelães de cerca de vinte religiões e crenças diferentes, que o elegeram por unanimidade.
“Há um grupo crescente de pessoas que já não se identificam com nenhuma tradição religiosa, mas ainda sentem uma necessidade real de conversar e receber apoio em torno do que significa ser um bom ser humano e viver uma vida ética”, afirmou Epstein ao The New York Times. “Não esperamos respostas de um deus. Somos as respostas uns dos outros”, sublinhou.
Ouvidos pelo diário norte-americano, diversos capelães da universidade referiram que Greg Epstein é conhecido por fazer com que todos se sintam bem acolhidos e “querer manter abertas as linhas de comunicação entre diferentes religiões”.
Autor do livro Good Without God: What a Billion Nonreligious People Do Believe (“Bem sem Deus: Aquilo em que um bilião de pessoas não religiosas acredita”, em tradução livre), o novo capelão-chefe de Harvard nasceu no seio de uma família judia e diz-se “honrado” com a eleição.
Um estudo do Pew Research Center de 2019, citado pelo Diário de Notícias, revelou que os Estados Unidos continuam a ser um país predominantemente cristão, com 43% da população inquirida a identificar-se como protestante e 20% como católica. Mais de um quarto dos inquiridos (26 por cento) definiu, no entanto, a sua identidade religiosa como ateísta, agnóstica ou “nada em particular”. Em 2009, este grupo representava 17 por cento dos inquiridos.