Relatórios da Fundação AIS e do OIDAC

Perseguição aos cristãos aumenta na Ásia, África, Médio Oriente e Europa

| 16 Nov 2022

Iraque. Cristãos. Liberdade religiosa.

Criança iraquiana com uma folha a pedir “ajudem os cristãos perseguidos no Iraque”. Foto © ACN-Portugal.

 

A “opressão ou perseguição” aos cristãos, por causa da sua fé, aumentou em 75% dos países analisados pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), na Ásia, África e Médio Oriente, nos últimos dois anos. Ao contrário do que poderia esperar-se, o cenário na Europa não é mais animador: o Observatório para a Intolerância e Discriminação Contra os Cristãos (OIDAC) registou também, em 2021, um crescimento dos crimes de ódio contra os cristãos naquele continente. Estejam em minoria ou sejam a religião maioritária, os cristãos são cada vez mais perseguidos, mas a existência deste problema é muitas vezes negada, apontam ambos os relatórios.

De acordo com o estudo da AIS, produzido a cada dois anos, e apresentado na tarde desta quarta-feira, 16 de novembro, no Parlamento britânico, o número de ataques aumentou “acentuadamente”, havendo registo de mais de 7600 cristãos mortos nos países onde existem “descrições persistentes de abusos de direitos humanos”.

Em África, “a situação dos cristãos piorou em todos os países sob análise, com provas de um grande aumento de violência genocida por parte de participantes militantes não-estatais, incluindo jihadistas”, conclui o estudo da Fundação AIS, cujo sumário executivo está já disponível no site da organização em Portugal.

Quanto ao Médio Oriente, o que está em causa é “a sobrevivência de três das mais antigas e importantes comunidades cristãs do mundo, localizadas no Iraque, na Síria e na Palestina”, alerta o relatório, visto que “a migração contínua aprofundou a crise” naquela região.

Já na Ásia, o autoritarismo do Estado tem sido “o fator crítico que provoca o aumento da opressão contra os cristãos”. Isto sucede em Myanmar, mas também na China, e no Vietname. “O país onde se verifica, de forma mais grave, que a liberdade religiosa e de consciência estão a ser estranguladas é a Coreia do Norte”, sublinha a Fundação AIS, acrescentando que “noutras regiões da Ásia, o nacionalismo religioso tem provocado o aumento da perseguição contra os cristãos”, como é o caso do Afeganistão, Índia, e Paquistão.

Apesar de os governos começarem a reconhecer a importância da liberdade de religião ou de crença, o relatório da AIS, intitulado “Perseguidos e Esquecidos?”, demonstra que há ainda um longo caminho a percorrer para assegurar que a liberdade dos cristãos e de outras minorias em todo o mundo seja protegida. “Parte do problema” – conclui o estudo – “é uma percepção cultural equivocada no Ocidente, que continua a negar que os cristãos permanecem a religião mais perseguida”.

 

Os grupos maioritários também são alvo de discriminação

fachada de igreja de zurique vandalizada foto OIDACFachada de igreja vandalizada em Zurique (Suíça). Foto © OIDAC.

 

A preocupação com o facto de os crimes de ódio contra cristãos poderem ser frequentemente subestimados ou negligenciados é igualmente sublinhada pelo relatório do Observatório para a Intolerância e Discriminação Contra os Cristãos, apresentado esta segunda-feira, 14 de novembro, em Viena. “Parte do problema”, observa este estudo, “está numa objeção típica que diz que ‘Os cristãos não podem ser discriminados na Europa porque são a maioria'”.

A propósito desta questão, o relatório refere que “embora as minorias possam ser mais vulneráveis ​​à discriminação, é uma crença errada e infundada que grupos maioritários não podem ser discriminados, como mostra a História”. É importante tomar em consideração “quais os grupos que têm maior poder para moldar o discurso político, discriminar, insultar ou atacar determinado grupo sem enfrentar as consequências. Ao mesmo tempo, é importante diferenciar o cristianismo cultural, que ainda é maioritário na Europa, dos cristãos praticantes”, assinala o OIDAC.

O estudo conclui também que existe “falta de cobertura dos media” para os ataques a cristãos, mais do que para situações de islamofobia ou antissemitismo. Entre as histórias que não chegaram às manchetes dos meios de comunicação em 2021 incluem-se os ataques contra duas procissões católicas em França: uma por um grupo de ativistas extremistas de esquerda, a 13 de maio, e outra em dezembro por um grupo de radicais islâmicos.

Já nas redes sociais, “as organizações lideradas por cristãos foram banidas por expressarem crenças divergentes, enquanto o discurso insultuoso e violento contra os cristãos foi permitido nas mesmas plataformas”, alerta o relatório.

Quanto a números, entre 1 de janeiro e 31 de dezembro de 2021, o OIDAC documentou 500 crimes de ódio anticristãos em 19 países europeus: houve 14 casos de agressão física e quatro cristãos foram assassinados; aproximadamente 300 foram atos de vandalismo, como pichações, danos à propriedade e profanação; foram cerca de 80 os casos de furto – desde objetos religiosos e hóstias consagradas até equipamentos de igrejas; e houve aproximadamente 60 casos de incêndio intencional.

Com o objetivo de sensibilizar a opinião pública para a questão da perseguição aos cristãos, está a decorrer a #RedWeek [ver 7MARGENS].  Esta iniciativa da Fundação AIS visa “combater a indiferença, pois não é justo que se continue a ignorar os sucessivos ataques, a violência e discriminação a que estão sujeitos milhões de cristãos, que são a comunidade religiosa mais perseguida em todo o mundo”.

 

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