
Afegãs a vacinar uma criança contra a poliomielite, no âmbito de campanhas de assistência humanitária da ONU no Afeganistão. A UNAMA (Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão), anunciou a 4 de Abril de 2023 que as autoridades afegãs talibã proibiram as mulheres de trabalhar para a ONU. Foto © UNICEF:Frank Dejongh
As autoridades talibã proibiram as mulheres nascidas no Afeganistão de trabalhar para a Organização das Nações Unidas (ONU). A informação foi dada pela Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão (UNAMA, da sigla em inglês), na rede social Twitter, referindo que, sem a colaboração das afegãs, será impossível concluir as missões na província de Nangarhar.
“A ONU no Afeganistão expressa séria preocupação com o facto de as funcionárias nacionais femininas das Nações Unidas terem sido impedidas de se apresentar ao trabalho na província de Nangarhar”, escreveram os representantes da UNAMA. Na mesma publicação, reiterava-se a importância das mulheres afegãs para as missões humanitárias: “Lembramos as autoridades [talibã] que as Nações Unidas não poderão fornecer assistência e salvar vidas sem a equipa feminina.”
O porta-voz do secretário-geral da ONU, Stéphane Dujarric, confirmou à imprensa a proibição das autoridades talibã e manifestou vontade de “sentar-se” à mesa com o Governo afegão: “Esperamos ter mais reuniões com as autoridades em Cabul”, afirmou o representante de António Guterres.
Dujarric considerou, ainda, “inaceitáveis” e “inconcebíveis” proibições deste tipo. O porta-voz da ONU sublinhou a importância das mulheres nas missões e qualificou as directrizes das autoridades locais como “discriminatórias” e “uma violação dos direitos fundamentais das mulheres”.
A UNAMA, criada pela ONU em março de 2022 e sediada em Cabul, a capital do Afeganistão, com o objectivo de contribuir para o desenvolvimento e prestar assistência humanitária, conta já com mais de 20 agências das Nações Unidas a trabalhar no terreno, incluindo a UNICEF, OMS e UNESCO.
Depois da subida ao poder dos talibã, em agosto de 2021, a ONU manteve-se no país com a sua agenda, prestando ajuda às populações, apesar das decisões do Governo contra os direitos da população feminina (por exemplo, proibindo as mulheres de ingressarem no ensino superior).
Por causa de medidas como essa, Roza Isakovna Otunbayeva, representante especial da ONU no Afeganistão e líder da UNAMA, disse em março último perante o Conselho de Segurança da ONU que o Afeganistão continua a ser “o país mais repressivo do mundo para as mulheres”.