
Augusto Santos Silva é candidato ao cargo de presidente da Assembleia da República. Foto © MNE
“A dimensão religiosa é absolutamente essencial”, defende o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, que nesta segunda-feira, 27, termina funções no Executivo e coloca o nome à votação dos deputados na eleição para o cargo de presidente da Assembleia da República.
Num perfil de percurso de vida assinado pela jornalista Bárbara Reis e que foi publicado no Público deste domingo, Santos Silva afirma-se religioso, ainda que não se considere católico. Diz acreditar em Deus no sentido de Fernando Pessoa: “Deus é existirmos e isso não ser tudo”.
O ministro, e previsível novo Presidente do parlamento, demarca-se do laicismo tal como concebido e praticado em França. Lá, refere, “as escolas não podem ter crucifixos; os padres e os bispos não podem participar em coisas públicas; a Igreja e o Estado têm de estar completamente separadas; a religião é do foro exclusivamente individual – não acredito em nada disso”, observa o ministro. E explica: “O cristianismo faz parte do espaço público e a dimensão religiosa é absolutamente essencial”. Mais: “a religião, como outros aspetos da cultura, é parte do espaço público”.
Esta posição leva a que camaradas do seu partido o considerem “o chefe de fila da ala católica do PS”.
Este político que se assume, antes de mais, como “sociólogo e professor universitário”, confessa algo que poderá surpreender muita gente: Maria de Lourdes Pintasilgo é a personalidade portuguesa que “ainda hoje mais o influencia do ponto de vista político, social e pessoal”. “É o único santinho que tenho”, revela Santos Silva a Bárbara Reis, mostrando um postal da campanha presidencial da antiga e única primeira-ministra que Portugal teve.