
Andrei Molodkin criou uma escultura com o brasão do Vaticano e pretende “encharcá-la” com sangue doado pelas vítimas de abusos. Foto: Direitos reservados.
O artista russo Andrei Molodkin, conhecido internacionalmente pelas suas obras de protesto contra a guerra, está a criar uma nova instalação, desta vez contra os abusos sexuais no seio da Igreja Católica, e pretende projetá-la “às portas da Praça de São Pedro”. Molodkin costuma recorrer a sangue humano para criar as suas obras e desta vez não será exceção: criou uma escultura com o brasão do Vaticano e pretende “encharcá-la” com sangue doado pelas vítimas de abusos.
O artista, que tem o seu estúdio em Paris (França), diz que precisará de 30 a 40 dadores para encher a escultura com sangue e depois projetá-la à entrada do Vaticano, algo que prevê poder fazer já no final de setembro. Em declarações à cadeia televisiva britânica Sky News, Molodkin revelou que o primeiro dador já está confirmado: um padre que foi, ele próprio, vítima de abusos quando era criança.
“Ver este símbolo sagrado com o sangue das vítimas será surpreendente”, afirmou o artista, que não está preocupado com o facto de poder chocar os católicos. “O poder da Igreja continua a ser grande. Com esta ação, não se destrói nada, apenas se dá voz às vítimas”, sublinhou.
No passado mês de agosto, para assinalar o 77º aniversário das bombas atómicas de Hiroshima e Nagasaki, Andrei Molodkin apresentou uma escultura na Casa Branca (EUA), que continha “sangue radioativo” de homens nascidos em Nagasaki. Em março de 2022, criou um retrato de Vladimir Putin que preencheu com sangue de soldados ucranianos e projetou-o na Igreja de São João, em Londres. O resultado pode ser visto no vídeo abaixo.