
Após a divulgação da imagem do selo, foram vários os comentários negativos publicados nas redes sociais, alegando que a ilustração remete para o imaginário gráfico do Secretariado de Propaganda Nacional do Estado Novo e o colonialismo.. Foto © 7MARGENS.
A ilustração do novo selo comemorativo da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023, lançado esta terça-feira pelo Vaticano, gerou fortes críticas nas redes sociais, e mesmo do bispo português Carlos Azevedo (delegado do Comité Pontifício para as Ciências Históricas), que a considerou “nacionalista” e “de péssimo gosto”. A porta-voz da Fundação JMJ, Rosa Pedroso Lima, afirma que o único objetivo da mesma “é o de promover a Jornada Mundial da Juventude” e que “outras leituras e outros objetivos são abusivos”.
A mesma porta.voz disse ao 7MARGENS que “a estrutura da JMJ não foi – nem tinha de ser – consultada para esta iniciativa do Vaticano”, mas recebeu informação do Vaticano no passado dia 5 deste mês. Este selo foi decidido tal como, acrescenta, se decidiu e concebeu “o selo que vai promover, em Portugal, a JMJ Lisboa 2023 e emitido pelos CTT” em 2022, um ano antes da Jornada.

Tal como o 7MARGENS noticiou, o selo mostra Francisco e diversos jovens e crianças no lugar dos exploradores representados originalmente no Padrão dos Descobrimentos. Após a divulgação da imagem do mesmo, foram vários os comentários negativos publicados nas redes sociais, alegando que a ilustração remete para o imaginário gráfico do Secretariado de Propaganda Nacional do Estado Novo e o colonialismo.
“Certamente o Papa Francisco não se identifica com esta imagem nacionalista” que “contraria a fraternidade universal”, reagiu Carlos Azevedo, citado pelo Diário de Notícias esta terça-feira. O bispo, que exerce as suas funções no Vaticano, considera que o selo “recorre a uma obra muito conotada” e “evoca epicamente uma realidade pastoral que não corresponde a esse espírito”.
Em declarações à agência Lusa, citadas pelo mesmo jornal, a porta-voz da Fundação JMJ explicou por seu lado que “o selo foi feito por um ilustrador italiano, Stefano Morri, que tem trabalhado muitas vezes” com o Serviço de Filatelia e Numismática do Vaticano e cuja leitura para a ilustração do selo é “uma imagem do Papa num monumento de Lisboa, simbolizando, numa espécie de alegoria, a barca de S. Pedro e o Papa conduzindo os jovens e a Igreja para uma nova época”.
Para Rosa Pedroso Lima, “haverá sempre várias leituras sobre o que quer que seja numa obra de arte, seja ela um selo ou uma ilustração. Esta é a leitura que o Vaticano faz e o objetivo é o de promover a Jornada Mundial da Juventude. Outras leituras e outros objetivos são abusivos em relação às intenções expressas pelo Vaticano”, sublinhou.
A porta-voz da Fundação acrescentou ainda que “o Papa Francisco é um Papa empenhado no respeito, na quebra de muros, no alargamento de fronteiras, na comunicação de povos, culturas e religiões, e essa é a mensagem fundamental do Papa. Sempre foi, continuará a ser e será na Jornada Mundial da Juventude”.
Notícia atualizada às 22h30 de dia 16, com as declarações da porta-voz da JMJ ao 7MARGENS.