
O altar-palco da JMJ (em desenho),
O recente debate sobre o palco da Jornada Mundial da Juventude mostrou o que de pior existe na nossa sociedade: inveja, mediocridade e incapacidade de fazer.
Quase todos ficaram mal na fotografia:
O anterior presidente da Câmara de Lisboa, porque não preparou atempadamente.
O Presidente da República porque, incentivando sempre a Jornada, num momento crítico retira o tapete à organização.
Os bispos, por falta de solidariedade e hipocrisia. Sendo dos principais beneficiários de uma boa organização, demarcam-se da mesma e acrescentam lenha à fogueira.
Os jornalistas, por cavalgarem uma narrativa absurda. A 30 minutos de Lisboa há moradias que custam cinco milhões de euros. Uma mega-estrutura daquelas custar cinco milhões de euros não é um escândalo, especialmente se tiver utilização futura. Numa organização que pode trazer centenas de milhões, ter organizadores a ganhar 4000 euros por mês não é um escândalo. Em tal organização de milhões, a maior poupança é poder ter os mais aptos a organizar, mesmo que bem pagos. Infelizmente, o nosso jornalismo choca-se frequentemente com quem trabalha e é bem remunerado e pouco com quem recebe sem trabalhar ou rouba a sociedade (leia-se TAP, perdões a bancos, empréstimos aos amigos, cargos públicos como coutada do partido que governa, etc.).
Neste filme, apenas o actual presidente da Câmara de Lisboa teve algum decoro. Recebeu o menino nos braços entregue por quem nada tinha feito, não se queixou, deu fogo à peça para podermos ter Jornada e ainda teve que assistir a bispos e Presidente da República a tirar-lhe o tapete.
Em resumo, um grande equívoco. A mediocridade impera, o mérito não se reconhece e quem trabalha e faz tem sempre um coro de lamuriantes carpideiras a moer-lhe o juízo.
Rui Oliveira Soares é médico