Em entrevista

Francisco admite revisão na disciplina do celibato

| 10 Mar 2023

papa em encontro com crianças refugiadas ucranianas, foto vatican media

O Papa num encontro com crianças refugiadas ucranianas: a guerra continua a ser uma preocupação para Francisco, que se mostra disponível para mediar. Foto © Vatican Media.

 

O Papa admitiu, numa entrevista divulgada nesta sexta-feira, 10 de Março, que a “disciplina” do celibato obrigatório pode ser revista e que pode haver ordenação de homens casados na Igreja Católica de rito latino, como acontece em comunidades de rito oriental.

“Não há nenhuma contradição na possibilidade de um sacerdote casar. O celibato na Igreja ocidental é uma prescrição temporal”, referiu, em conversa com o responsável pelo portal Infobae, da Argentina. Afirmando que “o celibato é uma disciplina”, Francisco respondeu que “sim” à pergunta sobre se tal disciplina poderia ser revista.

A conversa retomou as várias intervenções do Papa sobre o acolhimento das pessoas homossexuais, sublinhando que ninguém está excluído da Igreja. “A grande resposta foi dada por Jesus: todos. Todos, todos dentro”, assinala, convidando a centrar o debate no “essencial do Evangelho”.

O tema é abordado igualmente noutra entrevista, à Rádio Televisão Suíça (RSI), que será transmitida no domingo. “Não devemos esquecer-nos disto: a Igreja não é uma casa para alguns, não é seletiva. O santo povo fiel de Deus é este: todos”, declara o Papa nessa outra conversa.

Francisco admite a sua “preferência pelos descartados”, mas recorda que “Jesus não manda embora os ricos”. E acrescenta: “A realidade vê-se melhor [a partir] dos extremos do que do centro. De longe, entende-se a universalidade. É um princípio social, filosófico e político.”

As duas entrevistas abordam também a guerra “mundial”, com epicentro na Ucrânia, críticas à “indústria das armas” e a manifestação da disponibilidade para ser mediador: “Putin sabe que estou à disposição. Mas há interesses imperiais, não apenas do império russo, mas de outros impérios”, denuncia o Papa à RSI.

Na entrevista ao Infobae, Francisco admite reservas quanto a uma solução rápida para o conflito na Ucrânia e que o primeiro-ministro da Índia, Narandra Modi, “pode fazer alguma coisa”. Há “vários governantes que estão a mover-se, há um grupo israelita que está a avançar bem, mas não sabemos aonde isso vai levar”, acrescenta.

O Papa evoca o seu antecessor, Bento XVI, que morreu no último dia de 2022, como “um homem de Deus”, e assume que a “falta de clareza”, para avaliar as situações, o poderia levar a renunciar ao pontificado, como fez o seu antecessor.

Na entrevista ao portal argentino, Francisco assume o desejo de visitar o seu país natal e deixa críticas ao regime da Nicarágua, referindo-se ao bispo de Matagalpa, Rolando Álvarez, condenado a 26 anos de prisão. A ONU falou entretanto de “crimes contra a humanidade” no país. [ver outra notícia no 7MARGENS]

O Papa mostra-se ainda confiante na possibilidade de uma mudança na Venezuela, considerando que “as circunstâncias históricas obrigarão a mudar a forma de diálogo” do governo de Nicolás Maduro.

 

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