
O enfrentamento e o antagonismo na Igreja, a ordenação de mulheres e os abusos sexuais foram alguns dos temas centrais da mais recente entrevista concedida pelo Papa. Foto © America Media / Antonello Nusca.
“O divisionismo não é católico. Um católico não pode pensar ‘ou, ou’ e reduzir tudo a posições irreconciliáveis. A essência do católico é “e, e”. O católico une o bem e o não tão bom. O povo de Deus é um” – afirmou o Papa Francisco, a propósito das divisões na Igreja americana, na entrevista concedida no dia 22 de novembro a um conjunto de editores jesuítas e publicada na edição da revista America – The Jesuit Review desta segunda-feira, 28 de novembro.
Aceitando que o Espírito Santo provoca inicialmente o espanto e a “perturbação”, Francisco refere que, depois, “ele é autor de harmonia. O Espírito Santo na Igreja não reduz tudo a um único valor, mas harmoniza as diferenças dos contrários. Esse é o espírito católico. Quanto mais harmonia entre diferentes e entre opostos, mais católico.”
O enfrentamento e o antagonismo na Igreja, a ordenação de mulheres, os abusos sexuais, a condenação do aborto, as relações com a Conferência dos Bispos dos EUA e a guerra da Ucrânia foram alguns dos temas centrais da mais recente entrevista concedida pelo Papa.
Além da condenação do aborto, Francisco reafirmou claramente a oposição à ordenação de mulheres pela Igreja Católica: “Porque a mulher não pode entrar nos ministérios, ser ordenada? Porque o princípio petrino não o permite”.
Sobre a tragédia dos abusos sexuais, recordou que “o costume na Igreja era o usado nas famílias ou em algumas outras instituições – encobrir”, mas “a igreja fez um opção: não encobrir. E a partir daí avançou-se através dos processos judiciais, da criação da Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores (…) Quando as pessoas honestas veem como a Igreja assume esta monstruosidade, dão-se conta de que uma coisa é a Igreja e outra coisa são os abusadores que estão dentro da Igreja e que são punidos pela própria Igreja
Refutando as acusações de que nunca refere Putin, Francisco respondeu: “Quando falo da Ucrânia, falo de um povo martirizado, de um povo martirizado. Sim, existe um povo martirizado, existe alguém que os martiriza. (…) e claro que o invasor é o Estado russo. Isso é muito claro. Às vezes tento não especificar para não ofender pessoalmente e condenar em geral, embora seja bem conhecido quem estou a condenar. Não é necessário colocar o nome e o apelido.”